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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MEU ANIVERSÁRIO EM 2011 - HOMENAGEM DE ALGUNS AMIGOS DA ESCOLA "CORONEL" ADAUTO BEZERRA

PENSADORES DA EDUCAÇÃO – LEIA E MUDE SUA PRÁTICA!



             A participação do aluno na construção de seu saber é uma ação imprescindível no processo ensino-aprendizagem para esse momento histórico atual. Esse pressuposto gerado a partir de inúmeros estudos indicam que de fato cada indivíduo deve ser inserido no contexto do seu aprendizado, tornando-se sujeito de sua história e agente transformador de sua sociedade.
            O que podemos notar é que não se pode valer de apenas uma teoria vinculada a um pensador de renome, precisa-se unir teorias que possibilitem na ação conjunta o resgate dos valores humanos, juntamente com a progressão intelectual contínua. O que afirma SMOLE (2001:19), “ninguém pode se valer apenas de uma teoria”.
            Para que o sistema educacional consiga progressão em sua meta é necessário que todos os educadores possam estar conhecendo as diversas teorias educacionais condizentes ao período histórico atual, podendo dessa forma, se aperfeiçoarem continuadamente, oferecendo perspectivas inovadoras e instigantes aos seus alunos e a si mesmo. De acordo com TEREZA (2001:19), “conhecer os estudiosos da educação e o processo de aprendizagem dos alunos sempre ajuda o professor a refletir sobre sua prática e compreender as políticas públicas”.
             Na perspectiva de propiciar um melhorentendimento sobre a importância de se compreender o sistema educacional, nospróximos capítulos, resumir-se-á idéias de grandes autoresque influenciaram e ainda influenciam a Educação em todo o mundo.
            De acordo com Emilia Ferreiro, deve-se valorizar o conhecimento da língua que o aluno já tem antes de iniciar os estudos em sala de aula. Para a autora, o aluno não vem para a escola sem saber de nada, ele traz consigo um aprendizado importante que deve ser aprimorado e contextualizado para promover condições favoráveis as suas necessidades cotidianas. Segundo a tese de FERREIRO, a criança passa por quatro fases antes de completar o processo de alfabetização que por ela são chamadas de pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética.
“Analisar que representações sobre a escrita o estudante tem é importante para o professor saber como agir”. (WEISZ, 2001:20).
            Para tanto, o processo de alfabetização foi programado em ciclos para que o aluno pudesse estar construindo o saber em constante contato com objetos de estudos, bem como estivesse sendo motivado em cada fase de sua alfabetização a aprender para a vida.
            Uma das sugestões de incentivo ao aprendizado foi à introdução de um multimeio ao ambiente escolar, disponibilizando aos alunos diversos materiais e rótulos que os instiguem a identificar a língua escrita.
            Emilia Ferreiro não definiu uma receita pronta para garantia do sucesso no processo de alfabetização, ela constatou em seus estudos, procedentes a outros autores, que a escola precisa estar estimulando sempre o aluno para que haja aprendizado significativo, portanto cabe a instituição educacional e a seus agentes promover metodologias que vislumbrem resultados satisfatórios.
            Um pensamento que detém importância no ensino-aprendizado tem sua origem nas pesquisas e tese de Célestin Freinet, ele difundiu a idéia de que a escola precisa estar trabalhando em conjunto, ou seja, num sistema cooperativista por ações conjuntas a um único propósito, formar cidadãos capazes de modificar, com ações concretas, o momento histórico da humanidade.
            Segundo FREINET, a realidade em que o aluno está inserido é de suma importância e deve ser discutida em contexto com os conteúdos curriculares, outro fator importante de acordo com o autor, é que deve-se oportunizar ao aluno  estar sempre construindo seu conhecimento a partir do processo de experimentação, cuidando para que ele nunca esteja sozinho nesse processo, a presença do professor como mediador, bem como a companhia dos colegas da turma é relevante para seu aprendizado, visto que a interação promove uma construção do saber mais prazerosa e consistente sem perder a rigorosidade necessária.
            De acordo com FREINET, o aluno inserido em um ambiente de aprendizado que se caracteriza pela sua teoria, estará com uma auto-estima sempre em alta, pois, ele estará envolvido nas fases do processo de construção, portanto, perceberá seu mérito nos resultados obtidos.
            A teoria de Paulo Freire remete-nos a reflexão acerca da metodologia educacional, que por bem, faz mais parte do passado que do presente educacional, digo daquela em que o professor era o dono do saber e o aluno um mero espectador com o único intuito, receber informações que não detinham.
            FREIRE denominou de bancária esse tipo de educação, pois, para ele se identifica com o modelo bancário, o professor é o depositante e o aluno o depositário do saber, restando para o segundo apenas render “juros”, sem possibilidades de críticas reflexivas. A educação, na visão de Paulo Freire precisa reestruturar-se para inserir o aluno num ambiente onde ele não esteja para puramente aprender, mas sim, para compartilhar conhecimentos num processo de mútua troca do saber. “Ninguém ensina nada a ninguém e as pessoas não aprendem sozinha” (FREIRE, in ROMÃO, 2001:23).
            O mais importante no processo ensino aprendizagem, segundo Paulo Freire, é conduzir o aluno a perceber e ler o mundo que o cerca. Para ele, só se conquista o saber se aprendermos a analisar o mundo em nossa volta de tal maneira que possamos estar promovendo, de modo crítico e produtivo, constantes interferências cotidianas.
            Para tanto, FREIRE sugere a utilização de temas geradores que fazem parte da realidade do aluno. A partir da escolha, deve-se instigar o aluno à análise e reflexão críticas do impacto, desse tema, na vida dele e de sua sociedade.
            A educação teve contribuição de um biólogo francês na sua prática pedagógica, Jean Piaget estudou  como se dá o processo de aprendizagem no sistema cognitivo do ser humano. Para tanto, ele acompanhou a evolução intelectual de crianças desde o nascimento e constatou que o conhecimento é adquirido por meio de constantes conflitos cognitivos.
            De acordo com os estudos de PIAGET, o ser humano passa por estágios de aprendizagem que são responsáveis pela condição de assimilação do conhecimento. Para o autor, o indivíduo só estará apto a aprender se seu cognitivo estiver preparado para tal, esse momento de aprendizagem, PIAGET chama de insight.
            PIAGET constatou com seus estudos, que a experiência é importante para que ocorra o momento da assimilação do conhecimento, segundo o biólogo, quando o aluno experimenta o saber, ele constrói um caminho mais breve ao entendimento do fenômeno estudado. Portanto, a interação do indivíduo com o meio físico e biológico, quanto maior e mais cedo, propicia o desenvolvimento do pensamento.
            O método de aprendizagem que Jean Piaget apresenta para o sistema educacional, consiste na interação contínua do indivíduo com o meio, através da mediação do professor, em uma relação de respeito e cooperação mútuos.
             Uma teoria que contribui muito para a metodologia educacional foi apresentada pelo psicólogo americano Howard Gardner. Ele descreveu que o ser humano é dotado de múltiplas inteligências e tem que ser valorizado por inteiro.
            Segundo GARDNER, não se deve cobrar do aluno somente o desenvolvimento da inteligência lógico-matemática e a lingüística, pois, o ser humano tem outras competências e, qualquer uma delas podem estar mais evidentes que as outras, oferecendo condições de progressão intelectual/produtiva. O psicólogo atribui ao ser humano, outras inteligências, além das citadas, como: a inteligência espacial, físico-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, musical e a naturalista.
            Portanto, a partir da tese de GARDNER nota-se que é necessário a participação efetiva do aluno na resolução de problemas, principalmente aqueles que fazem parte do seu cotidiano e intrigam a humanidade. Para o autor, o aluno não deve ser submetido constantemente a execução de atividades descontextualizadas do seu mundo real.
            A tarefa do educador mediante tal proposta, é explorar através de instigações o envolvimento cognitivo do aluno no desenvolvimento e na busca constante de possíveis soluções para os diversos problemas multidisciplinares que os cercam e ameaçam negativamente a existência harmoniosa dos seres humanos.
            Um outro pensador influente no processo ensino-aprendizagem é Lev Vygotsky. Ele desenvolveu a idéia de que o indivíduo não nasce com características pré-determinadas para a inteligência e para o estado emocional, mas sim, evolui intelectualmente quando interagido constantemente a reflexões sobre questões internas e das influências do mundo social. VYGOTSKY, a partir de sua tese, contrariou o pensamento norteador da educação em sua época e acabou por determinar uma outra via, a sociointeracionista.
            Segundo VYGOTSKY, mesmo que o indivíduo nasça com predisposição para algo, ele dependerá do aprendizado ao longo de sua vida, adquirido durante as relações permeadas pelo seu grupo social. No entanto, para o estudioso, somente oferecer interações constantes dos alunos com materiais, informações e meio sociais, não garante aprendizagem significativa, deve-se contextualizá-los de forma a fazer sentido para as necessidades individuais e coletivas.
            Valendo-se das teorias de VYGOTSKY, o educador precisa trabalhar com as informações sempre as incidindo na zona de desenvolvimento proximal do aluno, ou seja, o educador tem que partir daquilo que a criança sabe fazer sozinha, promovendo  uma realização mais ampla com a ajuda de alguém mais experiente, que está inserida no seu universo social.

POEMA - NOS BRAÇOS DE SÃO FRANCISCO


Autor: Professor Ademildo


Que alegria meus amigos
Mais uma vez em Canindé
Junto ao Frades Franciscanos
Renovando nossa fé
Chegando nesta cidade
Às vezes no sacrifício
Entregando tanto cansaço
Nos braços de São Francisco
Romeiro que é romeiro
Agradece a sua graça
Reza, canta se confessa
Assiste a missa e vai à praça
O dia – a – dia do romeiro
Começa com a via sacra
Sobe o monte, assiste a missa
E o pãozinho? Nunca falta!
As novenas são um marco
Desta festa secular
Toda noite um “tema” novo
E o romeiro a escutar
Dos lugares mais longínquos
E das bandas  do sertão
E também dos grandes centros
Todos vêm por gratidão
Nossa festa ficou grande
Muita coisa aqui surgiu
A reforma das igrejas
Todo mundo aplaudiu
As pastorais têm um papel
Muito importante nesta cidade
Acolhendo o romeiro
E fazendo caridade
 Nosso Pároco, Frei Amilton
E nosso amigo Frei Jean
Lideram várias equipes
Muitos bairros, como  a CAN.
E agora falando um pouco
Das pessoas deste lugar
Que mesmo sem ter emprego
Nunca deixam de sonhar
A política do meu Brasil
Deixa muito a desejar
Os políticos só pensam sem si
E o povo a definhar
Se não fosse São Francisco
Intercedendo lá do céu
Canindé que é tão doce
Com certeza seria um fel
Passa ano e entra ano
E o avanço não vem pra cá
O hospital que era importante
Sumiu daqui e foi pra lá
Trabalhando a sol a pino
Este é o homem do sertão
Que broca, planta, limpa e colhe
Se esquecer a oração
O Nordeste é esquecido
Mas aqui tem povo bão
Patativa, Luiz Gonzaga
E o Padre  Cícero Romão
Tudo isso que falei
Ainda tinha muito  pra falar
Mas por enquanto é só isso 
Valei-nos meu São Francisco!

Lev Vygotsky - Segundo ele, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes". Trocando em miúdos, Cláudia Davis diz: "A zona proximal é a que separa a pessoa de um desenvolvimento que está próximo, mas ainda não foi alcançado'. DESENVOLVIMENTO REAL é determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real. ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL é a distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo mas ainda não foi atingido. O MEDIADOR é quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores. DESENVOLVIMENTO POTENCIAL é determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar

          A obra do psicólogo russo que ressaltou o papel da sociedade no processo de aprendizado ganha destaque com as comemorações do centenário de seu nascimento e a expansão do socioconstrutivismo
No interior da Rússia pós- revolucionária, nos anos 20, um professor de ginásio que amava as artes se fazia uma pergunta fundamental: como o homem cria cultura?
 Dono de uma inteligência brilhante, ele buscou a resposta na Psicologia e acabou por elaborar uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas.
 O nome do professor era Lev Vygotsky e sua obra é hoje a fonte de inspiração do sócioconstrutivismo, uma tendência cada vez mais presente no debate educacional. A repercussão que o pensamento de Vygotsky vem obtendo possui a força de uma redescoberta.
 Nascido há um século, morreu em 1934, aos 37 anos. Sua obra enfrentou décadas de silêncio imposto pelo regime stalinista. Apenas em meados dos anos 60 seus livros chegaram ao Ocidente. Só então o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), lamentando que os dois não tivessem se conhecido, leu e comentou os elogios e as críticas que Vygotsky lhe fizera em 1932.
Natureza social
 
No Brasil, Vygotsky é estudado há pouco mais de uma década. Segundo a pedagoga Maria Teresa Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que pesquisou a difusão do trabalho dele por aqui, suas idéias chegaram no fim dos anos 70, trazidas por estudiosos que as conheceram no exterior. Mas sua obra só começou a ser divulgada, de fato, nos anos 80, ao mesmo tempo em que a linha educacional construtivista se expandia, impulsionada pela psicóloga argentina Emilia Ferreiro, discípula de Piaget. Embora não tenha elaborado uma pedagogia, Vygotsky deixou idéias sugestivas para a educação. Atento à "natureza social" do ser humano, que desde o berço vive rodeado por seus pares em um ambiente impregnado pela cultura, defendeu que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto dessa convivência. Para ele, "na ausência do outro, o homem não se constrói homem".
Conhecimento e sempre intermediado

Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser biológico em ser humano. É pela APRENDIZAGEM nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce dotada apenas de FUNÇÕES PSICOLÓGICAS ELEMENTARES, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-se em FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES, como a consciência, o planejamento e a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece pela elaboração das informações recebidas do meio. Com um detalhe importantíssimo, ressaltado pela psicóloga Cláudia Davis, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP): "As informações nunca são absorvidas diretamente do meio. São sempre intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a criança, carregando significados sociais e históricos". Isso não significa que o indivíduo seja como um espelho, apenas refletindo o que aprende. "As informações intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna", explica o pedagogo João Carlos Martins, diretor pedagógico do Colégio São Domingos, de São Paulo. "É isso que caracterizará a individualidade". Por isso a linguagem é duplamente importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ela tem relação direta com o próprio desenvolvimento psicológico. Maria Teresa Freitas resume: "Nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores".

      Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro. A fim de explicar esse processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como a "distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes". Trocando em miúdos, Cláudia Davis diz: "A zona proximal é a que separa a pessoa de um desenvolvimento que está próximo, mas ainda não foi alcançado'.
DESENVOLVIMENTO REAL
É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado. Se  domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real
ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL
É a distância entre o desenvolvimento real e o potencial, que está próximo mas ainda não foi atingido
O MEDIADOR
É quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores

DESENVOLVIMENTO POTENCIAL
É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar


POR QUE O NOME SOCIOCONSTRUTIVISMO?

Esse termo (ou, como prferem alguns especialistas, sociointeracionismo) é usado para fazer distinção entre a corrente teórica de Vygotsky e o construtivismo Jean Piaget. Segundo Maria, ambos são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. Os dois se opõem tanto à teoria empirista (para a qual a evolução da inteligência é produto apenas da ação do meio sobre o indivíduo) quanto à concepção racionalista (que parte do princípio de que já nascemos com a inteligência pré-formada). Para o ser humano, segundo Vygotsky, o meio é sempre revestido de significados culturais. Por exemplo, o objeto armário (meio) não tem sentido em si. Só tem o sentido cultural) que lhe damos, como serr útil ou inútil, valioso ou não, rústico ou sofisticado e assim por diante. E os significados culturais só são aprendidos com a participação dos mediadores. O fator cultural, básico para Vygotsky, e pouco enfatizado por Piaget, é a diferença central entre os dois teóricos construtivistas. Ambos divergem também quanto à seqüência dos processos de APRENIDIZAGEM e de DESENVOLVIMENTO MENTAL. Para Vygotsky, é o primeiro que gera o segundo. Em suas palavras, "o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis". Piaget, ao contrário, defende que é o desenvolvimento progressivo das estruturas intelectuais que nos torna capazes de aprender (fases pré-operatóra ou lógico-formal).
A escola é inútil se fica só no que a criança sabe

Além do fato de ser professor, a preocupação de Vygotsky com a educação tinha também motivos políticos, pois era um de seus compromissos revolucionários. "Ele queria acelerar, pela educação, o desenvolvimento da Rússia, então atrasada e iletrada!", comenta Cláudia Davis. Coerentemente, sua teoria explica a evolução intelectual como um processo constante que pode ser impulsionado também com à ajuda externa.
"Nessa perspectiva, a educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança", diz João Carlos. "Ao contrário, sua função é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende, mais se desenvolve mentalmente. "Segundo Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é característica das crianças. Se elas próprias fazem da brincadeira um exercício de ser o que ainda não são, a escola que se limita ao que elas já sabem é inútil.
Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da escola, então, é fazer com que os CONCEITOS ESPONTÂNEOS, que as crianças desenvolvem na convivência social, evoluam para o nível dos CONCEITOS CIENTÍRICOS. "Nesse sentido, o educador assume o papel de mediador privilegiado na formação do conhecimento", explica Cláudia.

A obra de Vygotsky, que reúne cerca de setenta textos, só voltou a ser publicada na antiga URSS em 1956, mesmo assim parcialmente. Atualmente prepara-se a edição integral de todos os seus trabalhos. Além de dois de seus principais livros, o mercado brasileiro dispõe de dezenas de títulos, nacionais estrangeiros, a respeito de suas teorias. Veja algumas indicações bibliográficas:
A Formação Social da Mente, Lev Vygotsky, Martins Fontes, tel. (011) 239- 3677, 17,50 reais

Pensamento e Linguagem, Lev Vygotsky, Martins Fontes, tel. (011) 239- 3677,17,50 reais

Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem, Yygotsky, Luria e Leontiev, Ícone Editora e Editora da USP, tel. (011) 813-8837, 26 reais

A Linguagem e o Outro no Espaço Escolar - Vygotsky e a Construção do Conhecimento, Ana Smolka e Mari Cecilia Goes, Papirus, tel. (019) 231 3500, 18 reais

O Pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil,
Maria Teresa de Assunção Freitas, Papirus, tel. (0192) 570-2877, 19 reais

Psicologia na Educação, Claudia Davis e Zilma Oliveira, Cortez, tel. (011) 864-0111, 13,50 reais

Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento - Um Processo Sócio-Histórico, Marta Kohl de Oliveira, Scipione, tel. (011) 239-1700,13,40 reais

Vygotsky e a Educação, Luis Moll, Artes Médicas, tel. (051) 330-344,@ 39 reais

Vygotsky - Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Teresa Cristina Rego, Vozes, tel. (011) 258-7070, 10 reais

Vygotsky - Uma Síntese, Renê Van Der Veer e Jaan Vaisiner, Loyola, tel. (011) 6914-1922, 30 reais


O professor conduz o aprendizado
O educador vygotskyano desempenha um papel ativo dentro da classe
As posições de Vygotsky sobre o papel da escola e dos educadores são a base das principais diferenças pedagógicas e didáticas entre o socioconstrutivismo e o construtivismo de inspiração piagetiana. Pouco preocupados com fases do desenvolvimento mental, os vygotskyanos propõem uma escola que 'puxe' pelo aluno, que o faça avançar. E traçam claramente o papel do professor como condutor do processo.
Já no construtivismo, o educador tem uma atuação mais discreta, agindo principalmente como um animador e apresentador de contra-exemplos para as descobertas que os alunos realizam à medida que atingem as sucessivas fases de desenvolvimento.
Algumas distinções entre as duas correntes já foram bem mais claras, principalmente nos anos 80, época da rápida difusão das idéias construtivistas. É que, num processo quase inevitável na popularização de teorias complexas, muitas interpretações simplistas, que não podem ser atribuídas a Piaget ou Emilia Ferreiro, acabaram aparecendo como princípios construtivistas. Isso resultou numa visão de que a construção do conhecimento é um processo isolado e espontâneo por parte da criança. O amadurecimento do construtivismo, mas também a crítica socioconstrutivista, contribuíram para uma correção de rumos em vários desses aspectos.



Como a teoria é aplicada na sala de aula

Alguns exemplos de práticas didáticas baseadas nos estudos vygotskyanos
Alfabetização
Não se pauta por fases (como pré-silábica ou silábica, que orientam o construtivismo). O objetivo é ampliar o universo de expressões da criança para facilitar a incorporação da escrita. A ênfase é na elaboração da fala, da escrita e da leitura como instrumentos simbólicos que repercutem no desenvolvimento mental.
O erro
Faz parte do processo de aprendizado, mas o professor deve apontá-lo sempre para que a criança o corrija. "Não se pode esperar que o aluno descubra sozinho que errou", diz João Carlos. O construtivismo também faz correções, mas sempre considerando o desenvolvimento da criança.
Cópia
A criança deve contar com um ponto de partida para realizar suas próprias descobertas. Nesse sentido, o oferecimento de modelos de texto, por exemplo, é uma estratégia válida - desde que resulte numa atividade criativa, não numa cópia mecânica. O construtivismo rígido exclui o trabalho com cópias.
Papel do professor
Ele é o condutor do processo, atuando na zona de desenvolvimento proximal. Sua intervenção é direta, pois deve ajudar a criança a avançar. "Os alunos acham muitas coisas, mas não podem ficar no achismo", diz João Carlos. O professor sabe mais e deve sistematizar os conhecimentos.
Prátyica investe nas parcerias
Trabalhos em pequenos grupos facilitam o aprendizado, mas cabe ao educador acompanhar individualmente o aluno
No Colégio São Domingos, da rede particular, a orientação socioconstrutivista não determina uma didática rígida. "Vygotsky não dá receitas, mas propõe reflexões que orientam algumas críticas", diz o diretor pedagógico, João Carlos Martins. O objetivo geral é promover as intermediações do conhecimento e simular o avanço do aluno. Os conteúdos valorizam o universo social e histórico da criança, buscando-se a transformação de seus conceitos espontâneos em conceitos científicos. Veja alguns exemplos de atividades desenvolvidas na escola:
Trabalho em duplas

O professor explica um assunto e os alunos fazem discussões ou trabalhos em pequenos grupos, principalmente em duplas. O tamanho reduzido das equipes amplia as interações, facilitando o processo de aprendizado. Essas equipes podem ser formadas espontaneamente, mas podem também ser determinadas pelo professor. "O que se busca é exatamente o confronto de diferenças que levem a novas descobertas", diz João Carlos. "Não se trata de fazer trabalho em grupo para que todo mundo pense igual e produza a mesma coisa." Outro aspecto positivo do estudo em parcerias é o estímulo à autonomia. "Em cada trabalho com seus colegas os alunos caminham claramente de um nível de alta dependência do professor para a completa independência na formulação de hipóteses", afirma o diretor.
Assistência Individual

O professor acompanha cada aluno para auxiliá-lo na superação das dificuldades. "É quando se trabalha diretamente com o conceito de desenvolvimento proximal", explica João Carlos. "O professor precisa conhecer o desenvolvimento real da criança, mas não pode parar aí." É pelo auxílio direto, com explicações, pistas e sugestões, que o aluno avança, consolidando o desenvolvimento que era apenas potencial. No trabalho individual respeita-se a zona proximal de cada um, pois ela não é homogênea para todo o grupo.
Atividade de linguagem

Se a linguagem é o principal instrumento de intermediação conhecimento e corresponde ao desenvolvimento de uma linguagem interna, as atividades de fala, escrita e leitura ganham a maior importância.
 Os professores buscam então diversificar técnicas que enfatizem essas ações.
Uma delas são os textos sugeridos, em que o professor desafia o aluno a escrever a partir de diferentes modelos. "Pela análise das características estruturais um texto, as crianças devem criar suas histórias seguindo aquele padrão", diz João Carlos. Mas os textos livres também são estimulados.
Outra atividade é a roda da leitura, em que as crianças debatem suas interpretações. Uma das estratégias é o "conto e reconto", em que os estudantes ouvem uma história e devem recontá-la do seu ponto de vista

TEORIA DE VYGOTSKY E A AÇÃO DOCENTE
Vygotsky, assim como Piaget, defende a idéia de que a criança não é a miniatura de um adulto e sua mente funciona de forma bastante diferente. Esta compreensão tem grandes implicações para os professores porque nos obriga a compreender o aluno da forma com que ele é, e não da forma com que nós compreendemos o mundo.
Assim, para a formação docente é de vital importância o estudo das diferentes teorias do desenvolvimento de forma que nos permitam abordar o processo de ensino-aprendizagem do modo que o mesmo venha a responder às necessidades particulares da natureza infantil.
Tanto Piaget como Vygotsky pensam que o desenvolvimento do indivíduo implica não somente em mudanças quantitativas, mas sim, em transformações qualitativas do pensamento. Ambos reconhecem o papel da relação ente o indivíduo e a sociedade e, em Vygotsky é esta relação que determina o desenvolvimento do indivíduo.
Face a esse entendimento de Vygostky temos que nos perguntar, como professores, que tipos de ambientes de aprendizagem são mais adequados para gerar aprendizagens e favorecer o desenvolvimento da criança.
Vygotsky tem uma visão sócio-construtivista do desenvolvimento com ênfase no papel do ambiente social no desenvolvimento e na aprendizagem; a aprendizagem se dá em colaboração entre as crianças e entre elas e os adultos. Já, Piaget, coloca que a aprendizagem se produz pela interação do indivíduo com os objetos da realidade, onde a ação direta é a que gera o desenvolvimento dos esquemas mentais.
Colocando de outra forma, para Vygotsky a aprendizagem é produto da ação dos adultos que fazem a mediação no processo de aprendizagem das crianças.
Neste processo de mediação, o adulto usa ferramentas culturais tais como a linguagem e outros meios, e muito mais que ser um processo de assimilação e acomodação (Piaget), é um processo de internalização, no qual a criança domina e se apropria dos instrumentos culturais como os conceitos, as idéias, a linguagem, as competências e todas as outras possíveis aprendizagens.
Para ele, portanto, o desenvolvimento dos processos cognitivos superiores, é resultado de uma atividade mediada.
Mediador/a é aquele que ajuda a criança a alcançar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. O/a professor/a e os colegas com maior experiência são os principais mediadores na escola.
Resumindo: Vygotsky nos fornece uma pista, sobre o papel da ação docente: o professor é o mediador da aprendizagem do aluno, facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais. Mas, a ação docente somente terá sentido se for realizada no plano da Zona de Desenvolvimento Proximal. Isto é, o professor constitui-se na pessoa mais competente que precisa ajudar o aluno na resolução de problemas que estão fora do seu alcance, desenvolvendo estratégias para que pouco a pouco possa resolvê-las de modo independente.
É preciso que a Escola e seus educadores atentem que não tem como função ensinar aquilo que o aluno pode aprender por si mesmo e sim, potencializar o processo de aprendizagem do estudante. A função da Escola é fazer com que os conceitos espontâneos, informais, que as crianças adquirem na convivência social, evoluam para o nível dos conceitos científicos, sistemáticos e formais, adquiridos pelo ensino. Eis aí o papel mediador do docente.
O que me leva a perguntar agora: se esse postulado fosse bem compreendido, será que teríamos tantos problemas com a avaliação? Será que se houvesse a compreensão de que cabe ao adulto, ao professor, intermediar a aprendizagem do aluno naquilo que ele ainda não é capaz de resolver sozinho, a partir de estratégias que o levem a tornar-se independente, deixaríamos de ouvir tantos o aluno não aprende, eu dou a matéria mas eles não aprendem? E, como deveria ser o processo avaliatório baseado nesta função primordial da ação docente?
Ficam as perguntas para reflexão!







Tomás de Aquino - Entender para crer


Razão e fé não se misturam? Não é o que achava o teólogo medieval São Tomás de Aquino. Para ele, as duas coisas estavam ligadas e isso se refletia diretamente na educação. Veja o que dizia o filósofo: "O mestre provoca conhecimento ao fazer operar a razão natural do discípulo."

Sócrates - Onde tudo começou


Como não deixou obra escrita, apenas duas frases são atribuídas a Sócrates: "só sei que nada sei" e "conhece-te a ti mesmo". A segunda, na verdade, era um lema inscrito na entrada do oráculo de Delfos. Mesmo assim, ambas têm tudo a ver com o que o filósofo acreditava ser a autêntica sabedoria.

Rudolf Steiner - o ser humano é apreendido em seu aspecto físico, anímico (psico-emocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e o querer.


Dados Biográficos retirados de: http://www.sab.org.br/edit/nocoes/steiner.htm


Rudolf Steiner

                    nasceu em 27 de fevereiro de 1861 em Kraljevec (Áustria). Apesar de seu interesse humanístico, despertado ainda na infância por uma sensibilidade para assuntos espirituais, cumpriu em Viena, a conselho do pai, estudos superiores de ciências exatas. Por seu desempenho acadêmico, a partir de 1883 tornou-se responsável pela edição dos escritos científicos de Goethe na coleção Deutsche Nationalliteratur.
     Convidado a trabalhar no Arquivo Goethe-Schiller em Weimar (Alemanha), Steiner tranferiu-se para essa cidade em 1890, onde residiu até 1897. Ali desenvolveu um grande interesse cognitivo e uma consequente atividade literário-filosófica, sendo dessa época sua obra fundamental A filosofia da liberdade (1894).
     Após alguns anos em Berlim como redator literário, passou a dedicar-se a uma intensa atividade de conferencista e escritor, no intuito de expor e divulgar os resultados de suas pesquisa científico-espirituais, de início no âmbito da Sociedade Teosófica e mais tarde da Sociedade Antroposófica, por ele fundada.
     Em Dornach (Suíça), Steiner construiu em madeira o Goetheanum, sede da Sociedade (e mais tarde também da Escola Superior Livre de Ciência Espiritual), destruído em dezembro de 1922 por um incêndio e posteriormente substituído pelo atual edifício em concreto. Foi em Dornach que ele morreu em 1925, deixando extraordinárias contribuições nos campos das artes, da organização social, da pedagogia (Waldorf), da medicina, da farmacologia, da agricultura, da pedagogia curativa, etc.
     Por oferecerem uma alternativa às cosmovisões e soluções meramente materialistas, tiveram elas grande repercussão e inspiraram o surgimento de instituições e atividades antroposóficas em todos os continentes.

           
A origem da Educação Waldorf
      Em 1919, em Stuttgart, na Alemanha, Rudolf Steiner - filósofo, cientista e artista austríaco - foi convidado por Emil Molt, o proprietário da Fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, para uma série de palestras para os trabalhadores de sua fábrica.

     Como resultado, os trabalhadores pediram a Steiner que fundasse e dirigisse uma Escola para seus filhos. Emil Molt, apoiava e financiava a na concretização da idéia.

     Steiner concordou, mas - para tanto - colocou 4 condições: a primeira era a de que a Escola seria aberta, indistintamente, para todas as crianças; a segunda de que a Escola fosse co-educacional; deveria também ser uma escola com um currículo unificado de 12 anos e, por último, de que os professores da Escola fossem também os dirigentes e administradores da mesma. Queria que a Escola Waldorf tivesse o mínimo de interferência governamental e não tivesse a preocupação com objetivos lucrativos.

     Emil Molt concordou e em 7 de setembro de 1919, foi aberta a Die Freie Waldorfschule (A Escola Waldorf Livre).



A Pedagogia Waldorf

     A Pedagogia Waldorf, criada em 1919 na Alemanha, está presente no mundo inteiro.
     Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, partindo de uma concepção holística do homem, orientadada a partir de pontos de vista antropológico, pedagógico, curricular e administrativo fundamentados na Antroposofia, uma ciência espiritual elaborada por  Steiner. Nela o ser humano é apreendido em seu aspecto físico, anímico (psico-emocional)  e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e o querer.
     Parte da hipótese de que o ser humano não está determinado exclusivamente pela herança e pelo ambiente, mas também pela resposta que do seu interior é capaz de realizar, em forma única e pessoal, a respeito das impressões que recebe do mundo.
     O homem é concebido  como tendo uma existência material e transitória, já que, nessa existência, encontra possibilidades de desenvolver uma identidade espiritual própria e autônoma, pois que o ser humano não nasce com todas as suas aptidões desenvolvidas,
sendo portador de um potencial de predisposições e capacidades que, ao longo de sua vida, lutam por desenvolver-se.
     O processo pedagógico, através do ensino, atuando durante o desenvolvimento desse ser humano, procura dar as condições para quem o vivencia de poder vir a definir sua própria vida.
     É claro, que esse objetivo para o processo pedagógico pressupõe um currículo concebido de forma diferente do currículo tradicional.     
     Não se trata de adaptar os alunos para viver em sociedade, às circunstâncias colocadas por ela, e sim, um currículo que esteja voltado para as necessidades evolutivas do ser humano como tal, preparando-o para ser ele mesmo, por isso o pano de fundo desse currículo são as fases de desenvolvimento da criança.
     Para tanto, as crianças e jovens, devem familiarizarem-se com a natureza e com a história cultural, pois o presente não está acontecendo agora por fatores pré determinados. Os elementos constitutivos do presente podem ser encontrados no passado, ajudando a entender o hoje, e portanto, propiciando condições,  para que cada um possa estabelecer seu próprio rumo,  pois encoraja-se a criatividade, que alimenta a imaginação, procurando conduzir as crianças a um pensamento livre, independente das forças econômicas ou imposições de governos.
     O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes; o cultivo das atividades do pensar,  inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento  do pensamento mais abstrato, teórico e  rigorosamente formal, mais ou menos na época de ensino médio. Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação à outros métodos de ensino.
     Nessa concepção  predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais, organizando os conteúdos curriculares no tempo e no ritmo adequados à situação evolutiva específica.
     O Saber, desta forma, não é a finalidade básica da educação, não é o fim último a ser atingido, mas o meio para que o aluno alcance harmonia e estabilidade no seu processo de autoconhecimento e também do conhecimento da realidade que o cerca.

E o professor?
Rudolf Steiner, numa palestra em Oxford no ano de 1922, definiu as "3 regras de ouro" para um professor Waldorf:

1 .  "Receber a criança em agradecimento ao mundo de onde ela vem; educar a criança com amor; conduzir a criança através da verdadeira liberdade que pertence ao Homem".

2 . “A Natureza faz do homem um ser natural”; a sociedade faz dele um ser social  somente o homem é capaz de fazer de si um ser livre.”“.

3 . "Não se deve perguntar quais são os conhecimentos e as faculdades de que o Homem precisa no contexto social vigente, mas antes quais são as capacidades latentes que podem ser acordadas no ser humano. Torna-se assim possível insuflar essa ordem social de novas forças, provenientes das gerações jovens. O dever tornar-se-á aquilo que esses jovens plenamente realizados serão capazes de criar. Assim nunca as novas gerações submeter-se-ão àquilo que a ordem social vigente quiser fazer delas”.

Rudolf Steiner

Jean Jacques Rousseau - filósofo da natureza, da liberdade e igualdade, com suas obras, ainda inquieta a humanidade.

 nasceu em Genebra, Suíça, em 28 de junho de 1712 e faleceu em 2 de julho de 1778. Entre suas obras destacam-se: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens; Do contrato social, e Emílio ou Da Educação (1762).

Muito antes do nascimento de Dewey, Montessori, Decroly, Rousseau propôs a liberação do indivíduo, a exaltação da natureza e da atividade criadora, e a rebelião contra o formalismo e a civilização. Sua filosofia, partidária de uma educação natural, sempre esteve vinculada a uma concepção otimista do homem e da natureza. A coerência com suas idéias de liberdade e igualdade o levaram a colocar seus filhos em uma instituição de assistência pública da época.

Seu pensamento político, baseado na idéia da bondade natural do homem, levou-o a criticar em diversas ocasiões a desnaturalização, a injustiça e a opressão da sociedade contemporânea. O Contrato Social (1762) e Emílio, ou Da Educação (1762), são entre suas obras, as de maior conteúdo pedagógico. Por meio delas postula um sistema político, educativo, moral e religioso extremamente controvertido.

Rousseau, filósofo da natureza, da liberdade e igualdade, com suas obras, ainda inquieta a humanidade.

Sua proposta tem interesse tanto pedagógico quanto político e, nesse sentido, propunha tanto uma "pedagogia da política" quanto uma "política da pedagogia". Um dos instrumentos essenciais de sua pedagogia é o da educação natural: voltar a unir natureza e humanidade. A família, vista como um reflexo do Estado é outro dos elementos centrais de sua pedagogia.

Considerado por vários estudiosos como autor da “concepção motriz de toda racionalidade pedagógica moderna”, Rousseau vê a infância como um momento onde se vê, se pensa e se sente o mundo de um modo próprio. Para ele a ação do educador, neste momento, deve ser uma ação natural, que leve em consideração as peculiaridades da infância, a “ingenuidade e a inconsciência” que marcam a falta da ‘razão adulta’ (NARADOWSKI, 1994, p.33-34)



A função social da educação:

a reforma da educação é que possibilitaria uma reforma do sistema político e social;

criar uma sociedade fundada na família, no povo, no soberano, na pátria e no Estado;

a educação não somente mudaria as pessoas particulares mas também a toda a sociedade, pois trata-se de educar o cidadão para que ele ajude a forjar uma nova sociedade.

A " educação natural" preconizada por ele, encontra-se retratada na obra O Emílio, na qual, de forma romanceada, expõe suas concepções, através dos relatos da educação de um jovem, acompanhado por um preceptor ideal e afastado da sociedade corruptora.
Essa educação naturalista, não significa retornar a uma vida selvagem, primitiva, isolada, mas sim, afastada dos costumes da aristocracia da época, da vida artificial que girava em torno das convenções sociais. A educação deveria levar  homem a agir por interesses naturais e não por imposição de regras exteriores e artificiais, pois só assim, o homem poderia ser o dono de si próprio.
Outro aspecto da educação natural está na não aceitação, por Rousseau, de uma educação intelectualista, que fatalmente levaria ao ensino formal e livresco. O homem não se constitui apenas de intelecto pois, disposições primitivas, nele presentes, como: as emoções, os sentidos, os instintos e os sentimentos, existem antes do pensamento elaborado; estas dimensões primitivas são para ele, mais dignas de confiança, do que os hábitos de pensamento que foram forjados pela sociedade e impostos ao indivíduo.

Conceito de aluno:

concebia um modelo único de homem: marido, cidadão e patriota;

a criança é um ser inocente e bom por natureza.

Rousseau trouxe novas idéias para combater aquelas que prevaleciam há muito tempo em sua época, principalmente a de que a educação da criança deveria ser voltada aos interesses do adulto e da vida adulta.
Introduziu a concepção de que a criança era um ser com características próprias em suas idéias e interesses, e desse modo não mais podia ser vista como um adulto em miniatura.

Com suas idéias, ele derrubou as concepções vigentes que pregavam ser a educação o processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, atitudes e hábitos armazenados pela civilização, sem transformações.

Considerava cada fase da vida como tendo características próprias. Tanto o homem como a sociedade se modificam, e a educação é elemento fundamental para a necessária adaptação a essas modificações. Se cada fase da vida tem suas características próprias, a educação inicial,  não poderia mais ser considerada uma preparação para a vida, da maneira que era concebida pelos educadores à época.

Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança no seu contato com a natureza. Ao contrário da rígida disciplina e excessivo uso da memória vigentes então, propôs serem trabalhadas com a criança: o brinquedo, o esporte, agricultura e uso de instrumentos de variados ofícios, linguagem, canto, aritmética e geometria.

Através dessas atividades a criança estaria medindo, contando, pesando; portanto, estariam sendo desenvolvidas atividades relacionadas à vida e aos seus interesses.

Conceito de valores:

a importância dada ao valor da liberdade pode ser observada em seu conceito de "contrato";

em seu contrato encontramos a presença de dois fatores: liberdade e autoridade em interação;

autoridade é algo necessário e, significa para Rousseau, ser amado e respeitado pelo aluno;

liberdade é a autonomia das pessoas, é bastarem-se a si próprias.

Rousseau, no contexto de sua época, formulou princípios educacionais que permanecem até nossos dias, principalmente enquanto afirmava:  que a verdadeira finalidade da educação era ensinar a criança a viver e a aprender a exercer a liberdade. Para ele, a criança não é educada para Deus, nem para a vida em sociedade, mas sim, para si mesma: " Viver é o que eu desejo ensinar-lhe. Quando sair das minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem".

Papel do docente:

ser mestre significa iniciar um processo de humanização;

o aluno aprende a fazer-se homem em contato com seu mestre e, portanto, o mestre é sempre um modelo a seguir.

Podemos afirmar que as idéias de Rousseau influenciam diferentes correntes pedagógicas, principalmente as tendências não diretivas, no século XX.

Quase dois séculos depois de Rousseau instaurar sua concepção, Freinet, também francês, num contexto marcado pelo pós-guerra, vai resgatar a esperança na criança em fazer frente à corrupção adulta. Para Freinet, pela educação será possível construir um novo amanhã, desde que as intervenções educativas se aportem nas “virtualidades humanas”,  que estão presentes na infância - criação, empreendimento, liberdade e cooperação - e que potencialmente possibilitarão a construção de uma nova sociedade (o capitalismo, para Rousseau, e o socialismo humanista, para Freinet) (NASCIMENTO, 1995, p.46)



Referências Bibliográficas



CERISARA, Ana Beatriz. Rousseau: a educação na infância. São Paulo: Scipione, 1990.

NARODWSKI, Mariano. Infância y poder: la conformación dela pedagogia moderna. Buenos Aires: Aique, 1994.

NASCIMENTO, Mª Evelyna do. A pedagogia Freinet: natureza, educação e sociedade. Campinas, Unicamp, 1995.

Platão - Pioneirismo pedagógico


"A educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter", escreveu Platão, que planejou um sistema escolar para a Grécia antiga e por isso é considerado o primeiro pedagogo da história. Como a frase indica, ele via no ensino um meio de fazer brotar nas pessoas suas melhores qualidades.

Pierre Bourdieu - Desigualdade na escola


Sejamos críticos. Essas duas palavras podem resumir a atitude pública e o princípio teórico do sociólogo Pierre Bourdieu, que morreu há quatro anos. Ele foi implacável com a educação, vendo em seu funcionamento uma série de mecanismos que estão a serviço da perpetuação das desigualdades sociais.

Jean Piaget - Para ele a criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa interação com o ambiente faz com que construa estruturas mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida. A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da inteligência, ocorre através da assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação vão se modificando, configurando os estágios de desenvolvimento. Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido). A educação na visão Piagetiana: com base nesses pressupostos, a educação deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor até o operatório abstrato.

                           
                  nasceu em Neuchâtel, Suiça no dia 9 de agosto de 1896 e faleceu em Genebra em 17 de setembro de 1980.  Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Como epistemólogo, investigou o processo de construção do conhecimento, sendo que nos últimos anos de sua vida centrou seus estudos no pensamento lógico-matemático.

Sua Vida

       Piaget foi um menino prodígio. Interessou-se por história natural ainda em sua infância. Aos 11 anos de idade, publicou seu primeiro trabalho sobre a observação de um pardal albino. Esse breve estudo é considerado o inicio de sua brilhante carreira cientifica. Aos sábados, Piaget trabalhava gratuitamente no Museu de História Natural. Piaget freqüentou a Universidade de Neuchâtel, onde estudou biologia e filosofia. E recebeu seu doutorado em biologia em 1918, aos 22 anos de idade. Após formar-se, Piaget foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo experimental. Lá ele freqüentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como psiquiatra em uma clinica. Essas experiências influenciaram-no em seu trabalho. Ele passou a combinar a psicologia experimental – que é um estudo formal e sistemático – com métodos informais de psicologia: entrevistas, conversas e análises de pacientes.

       Em 1919, Piaget mudou-se para a França onde foi convidado a trabalhar no laboratório de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil que desenvolveu testes de inteligência padronizados para crianças. Piaget notou que crianças
francesas da mesma faixa etária cometiam erros semelhantes nesses testes e concluiu que o pensamento se desenvolve gradualmente. O ano de 1919 foi o marco em sua vida. Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a mente humana e começou a pesquisar também sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento de biologia levou-o a enxergar o
desenvolvimento cognitivo de uma criança como sendo uma evolução gradativa. Em 1921, Piaget voltou a Suíça e tornou-se diretor de estudos do Instituto J. J. Rousseau da Universidade de Genebra.

        Lá ele iniciou o maior trabalho de sua vida, ao observar crianças brincando e registrar meticulosamente as palavras, ações e processos de raciocínio delas. Em 1923, Piaget casou-se com Valentine Châtenay com quem teve 3 filhos: Jacqueline(1925), Lucienne(1927) e Laurent (1931). As teorias de Piaget foram, em grande parte, baseadas em estudos e observações de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa. Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publicações de trabalhos, Piaget lecionou em diversas universidades européias. Registros revelam que ele foi o único suíço a ser convidado a lecionar na Universidade de Sorbonne (Paris, França), onde permaneceu de 1952 a 1963. Até a data de seu falecimento, Piaget fundou e dirigiu o Centro Internacional para Epistemologia Genética. Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos científicos.

Pensamento predominante à época

     Até o início do século XX assumia-se que as crianças pensavam e raciocinavam da mesma maneira que os adultos. A crença da maior parte das sociedades era a de que qualquer diferença entre os processos cognitivos entre crianças e adultos era sobretudo de grau: os adultos eram superiores mentalmente, do mesmo modo que eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos básicos eram os mesmos ao longo da vida.

     Piaget, a partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de muitas outras crianças, concluiu que em muitas questões cruciais as crianças não pensam como os adultos. Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de pensar é diferente, não somente em grau, como em classe.

     A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.

Pressupostos básicos de sua teoria:

o interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento.

    A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas.
     Essa interação com o ambiente faz com que construa estrutura mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
     A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da inteligência, ocorre através da assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação vão se modificando, configurando os estágios de desenvolvimento.
     Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição  de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido).
     A educação na visão Piagetiana: com base nesses pressupostos, a educação deve possibilitar à criança um   desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor até o operatório abstrato.
     A escola deve partir ( ver: Piaget na Escola de Educação Infantil) dos esquemas de assimilação da criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento.
     Para construir esse conhecimento, as concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma interação, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca.
     É aquele que aprende basicamente através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. Não é um sujeito que espera que alguém que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de bondade.
     Vamos esclarecer um pouco mais para você: quando se fala em sujeito ativo, não estamos falando de alguém que faz muitas coisas, nem ao menos de alguém que tem uma atividade observável. 
     O sujeito ativo de que falamos é aquele que compara, exclui, ordena, categoriza, classifica, reformula, comprova, formula hipóteses, etc... em uma ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu grau de desenvolvimento). Alguém que esteja realizando algo materialmente, porém seguindo um modelo dado por outro, para ser copiado, não é habitualmente um sujeito intelectualmente ativo.

    Principais objetivos da educação: formação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.

    Devemos lembrar que Piaget não propõe um método de ensino, mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos.
   Desse modo, suas pesquisas recebem diversas interpretações que se concretizam em propostas didáticas também diversas.



Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem

Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno.

Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.

primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor.

A aprendizagem é um processo construído internamente.

A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.

A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.

Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.

A interação social favorece a aprendizagem.

As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.

      Piaget não aponta respostas sobre o que e como ensinar,  mas permite compreender como a criança e o adolescente aprendem, fornecendo um referencial para a identificação das possibilidades e limitações de crianças e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais para poder trabalhar melhor com elas.
Autonomia para Piaget

    Jean Piaget, na sua obra discute com muito cuidado a questão da autonomia e do seu desenvolvimento. Para Piaget a autonomia não está relacionada com isolamento (capacidade de aprender sozinho e respeito ao ritmo próprio - escola comportamentalista), na verdade entende Piaget que o florescer do pensamento autônomo e lógico operatório é paralelo ao surgimento da capacidade de estabelecer relações cooperativas. Quando os agrupamentos operatórios surgem com as articulações das intuições, a criança torna-se cada vez mais apta a agir cooperativamente.
    No entender de Piaget ser autônomo significa estar apto a cooperativamente construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo.

    Jean Piaget caracterizava "Autonomia como a capacidade de coordenação de diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito recíproco". (Kesselring T. Jean Piaget. Petrópolis: Vozes, 1993:173-189).

    Para Piaget (1977), a constituição do princípio de autonomia se desenvolve juntamente com o processo de desenvolvimento da autoconsciência. No início, a inteligência está calcada em atividades motoras, centradas no próprio indivíduo, numa relação egocêntrica de si para si mesmo. É a consciência centrada no eu. Nessa fase a criança joga consigo mesma e não precisa compartilhar com o outro. É o estado de anomia. A consciência dorme, diz Piaget, ou é o indivíduo da não consciência. No desenvolvimento e na complexificação das ações, o indivíduo reconhece a existência do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de hierarquia, de autoridade. O controle está centrado no outro. O indivíduo desloca o eixo de suas relações de si para o outro, numa relação unilateral, no sentido então da heteronomia. A verdade e a decisão estão centradas no outro, no adulto. Neste caso a regra é exterior ao indivíduo e, por conseqüência, sagrada A consciência é tomada emprestada do outro. Toda consciência da obrigação ou do caráter necessário de uma regra supõe um sentimento de respeito à autoridade do outro. Na autonomia, as leis e as regras são opções que o sujeito faz na sua convivência social pela auto-determinação. Para Piaget, não é possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no respeito a si próprio e reconhecimento do outro como ele mesmo.
    A falta de consciência do eu e a consciência centrada na autoridade do outro impossibilitam a cooperação, em relação ao comum pois este não existe. A consciência centrada no outro anula a ação do indivíduo como sujeito. O indivíduo submete-se às regras, e pratica-as em função do outro. Segundo Piaget este estágio pode representar a passagem para o nível da cooperação, quando, na relação, o indivíduo se depara com condições de possibilidades de identificar o outro como ele mesmo e não como si próprio. (PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. Porto: Rés Editora, 1978).
    "Na medida em que os indivíduos decidem com igualdade - objetivamente ou subjetivamente, pouco importa - , as pressões que exercem uns sobre os outros se tornam colaterais. E as intervenções da razão, que Bovet tão justamente observou, para explicar a autonomia adquirida pela moral, dependem, precisamente, dessa cooperação progressiva. De fato, nossos estudos têm mostrado que as normas racionais e, em particular, essa norma tão importante que é a reciprocidade, não podem se desenvolver senão na e pela cooperação. A razão tem necessidade da cooperação na medida em que ser racional consiste em 'se' situar para submeter o individual ao universal. O respeito mútuo aparece, portanto, como condição necessária da autonomia, sobre o seu duplo aspecto intelectual e moral. Do ponto de vista intelectual, liberta a criança das opiniões impostas, em proveito da coerência interna e do controle recíproco. Do ponto de vista moral, substitui as normas da autoridade pela norma imanente à própria ação e à própria consciência, que é a reciprocidade na simpatia." (Piaget, 1977:94). (PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1977).

    Como afirma Kamii, seguidora de Piaget, "A essência da autonomia é que as crianças se tornam capazes de tomar decisões por elas mesmas.     Autonomia não é a mesma coisa que liberdade completa. Autonomia significa ser capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o melhor caminho da ação. Não pode haver moralidade quando alguém considera somente o seu ponto de vista. Se também consideramos o ponto de vista das outras pessoas, veremos que não somos livres para mentir, quebrar promessas ou agir irrefletidamente"
(Kamii C. A criança e o número. Campinas: Papirus).

    Kamii também coloca a autonomia em uma perspectiva de vida em grupo. Para ela, a autonomia significa o indivíduo ser governado por si próprio. É o contrário de heteronomia, que significa ser governado pelos outros. A autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes para decidir agir da melhor forma para todos. Não pode haver moralidade quando se considera apenas o próprio ponto de vista.
Algumas diferenças entre Piaget e Vygotsky

     Um dos pontos divergentes entre Piaget e Vygostky parece estar basicamente centrado na concepção de desenvolvimento. A teoria piagetiana considera-o em sua forma retrospectiva, isto é, o nível mental atingido determina o que o sujeito pode fazer. A teoria vygostkyana, considera-o na dimensão prospectiva, ou seja, enfatiza que o processo em formação pode ser concluído através da ajuda oferecida ao sujeito na realização de uma tarefa.

    Enquanto Piaget não aceita em suas provas "ajudas externas", por considerá-las inviáveis para detectar e possibilitar a evolução mental do sujeito, Vygotsky não só as aceita, como as considera fundamentais para o processo evolutivo.

    Se em Piaget deve-se levar em conta o desenvolvimento como um limite para adequar o tipo de conteúdo de ensino a um nível evolutivo do aluno, em Vygotsky o que tem que ser estabelecido é uma seqüência que permita o progresso de forma adequada, impulsionando ao longo de novas aquisições, sem esperar a maduração "mecânica" e com isso  evitando que possa pressupor dificuldades para prosperar por não gerar um desequilíbrio adequado. É desta concepção que Vygotsky afirma que a aprendizagem vai à frente do desenvolvimento.

    Assim, para Vygotsky, as potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta durante o processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com uma pessoa mais experiente e com o quadro histórico-cultural, as potencialidades do aprendiz são transformadas em situações que ativam nele esquemas processuais cognitivos ou comportamentais, ou de que este convívio produza no indivíduo novas potencialidades, num processo dialético contínuo. Como para ele a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, a escola tem um papel essencial na construção desse ser; ela deveria dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim, para etapas ainda não alcançadas pelos alunos, funcionando como incentivadora de novas conquistas, do desenvolvimento potencial do aluno.



Bibliografia:

KAMII, Constance. “A criança e o número: implicação educacionalista da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas, São Paulo: Papirus, 1991).

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo : Cortez, 2000.

OLIVEIRA, M. K. O problema a afetividade em Vigotsky. In: Dela la Taille, Piaget, Vigotsky e Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.

PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro, Olympio – Unesco, 1973.

PIAGET, J. e GRECO, P. Aprendizagem e conhecimento. São Paulo: Freitas Bastos, 1974.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.