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domingo, 6 de março de 2016

POEMA – OH, QUE SAUDADE!



BY: ADEMILDO ALVES

SOB A LUA E AS ESTRELAS ,OUVIA HISTÓRIAS, DORMIA CEDO,
CONFIAVA EM TODOS, NÃO TINHA MEDO,
MELHOR DIZENDO, SÓ UM POUQUINHO, POIS PESADELO SE TEM DORMINDO.  QUANDO ACORDAVA, TODO SUADO, MINHA MÃE COMIGO E MEU PAI DO LADO, DAQUELE TEMPO ME LEMBRO BEM,  DE MANHÃ CEDO O ASSOBIADO, ERA O MEU PAI,  QUE MADRUGAVA, E COM AQUELE GESTO NOS ENSINAVA.  
O MATAPASTE, CIPÓ, MUFUMBO, FOI NOSSA FLORA, COM FLOR E TUDO
O AZULÃO, COM SEUS AMIGOS, CANTAVAM BEM, ERA TÃO LINDO!
FAUNA DIVERSA, MEU LUGAR TINHA, TINHA CIBITES   E MUITA ROLINHA,
QUE  NA SECA BRABA A GENTE COMIA.
FALEI UM POUCO DO MEU LUGAR
E   AINDA TENHO MUITO A FALAR
SUA GEOGRAFIA, QUE COISA LINDA!
ESTRIBO, BARRA, LÁ FOI MEU LAR.
NAQUELAS TERRAS EU JÁ FALAVA
QUE UM SONHADOR EM MIM BROTAVA
BIVÓ CHIQUINHA, TIA CEZÁRIA
OUVINDO AQUILO ME ABENÇOAVAM
DE CAUSO EM CAUSO, NÃO ME CALEI
CAJU, CASTANHA, CARRO COMPREI
ERAM  METÁFORAS DE UMA CRIANÇA
QUE NÃO TINHA AINDA NENHUM DIPLOMA.
MAS TUDO BEM, SÓ ESTOU SAUDOSO
DAQUELA FASE QUE TANTO CURTI
ERA PEQUENO, ERA CRIANÇA
MAS QUEM NÃO LEMBRA DA SUA INFÂNCIA.  
DAS  BRINCADEIRAS DA  SUA IDADE
E DOS AMIGOS , OH, QUE SAUDADE!
DE PÉS DESCALÇOS, DE JEGUE ANDEI
E O BANHO DE RIO QUE LÁ TOMEI!
HOJE NÃO POSSO, O MUNDO É GRANDE
GRANDE DEMAIS, QUE ATÉ ME CANSO 
 MESMO CANSADO, PEGO  CARONA
NO POVO HUMILDE DAQUELA ZONA.
ALGUNS SAÍRAM, VENCERAM A FOME
OUTROS FICARAM, NÃO VIRAM  FAMA
MAMÃE, PAPAI  E  TODA FAMÍLIA
UM DIA DEIXARAM A TERRA QUERIDA.
SE AVENTURANDO EM OUTRO LUGAR
JESUS NA GUIA SEMPRE A ORAR
BUSCAI O REINO QUE O RESTO VEM
NÃO SE PREOCUPE COM O QUE NÃO TEM.
FALANDO ASSIM PARECE FÁCIL
 SÓ PRA ALGUNS, OUTROS DISFARÇAM
SORRISO SIMPLES DE GRATIDÃO
ERA COMUM COMUM LÁ NO SERTÃO.
CRUZANDO O RIO LÁ DO CURÚ
EU VIA ALGUÉM TRAZENDO  NAMBÚ
ERA O MEU PAI COM O SEU BORNAL
QUE TINHA SAÍDO AO AMANHECER
TRAZENDO MISTURA PRA GENTE COMER
DE NOITEZINHA LÁ NO SERTÃO
O POVO REZAVA TANTA ORAÇÃO
MINHA MÃEZINHA, MUITO CATÓLICA
COMEÇOU CEDO, É APOSTÓLICA.
DA CATEQUESE ÀS PASTORAIS
COMO ELA FEZ NINGUÉM MAIS FAZ
ONDE PASSOU, AMIGOS FEZ
FALOU DE TUDO SEM TIMIDEZ.
AGORA ESCREVO  DA ZONA URBANA
ONDE MEUS PARES SEMPRE RECLAMAM
DE UMA CIDADE, SEM CARIDADE
ONDE O PROGRESSO É A CALAMIDADE.
NA RUA, NA ESCOLA, EM CASA EU PEÇO
NÃO QUERO MAIS TANTO PROGRESSO
EM CANINDÉ, 170
E NO CONGRESSO?  UM, SETE, UM!





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