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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Jean Jacques Rousseau - filósofo da natureza, da liberdade e igualdade, com suas obras, ainda inquieta a humanidade.

 nasceu em Genebra, Suíça, em 28 de junho de 1712 e faleceu em 2 de julho de 1778. Entre suas obras destacam-se: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens; Do contrato social, e Emílio ou Da Educação (1762).

Muito antes do nascimento de Dewey, Montessori, Decroly, Rousseau propôs a liberação do indivíduo, a exaltação da natureza e da atividade criadora, e a rebelião contra o formalismo e a civilização. Sua filosofia, partidária de uma educação natural, sempre esteve vinculada a uma concepção otimista do homem e da natureza. A coerência com suas idéias de liberdade e igualdade o levaram a colocar seus filhos em uma instituição de assistência pública da época.

Seu pensamento político, baseado na idéia da bondade natural do homem, levou-o a criticar em diversas ocasiões a desnaturalização, a injustiça e a opressão da sociedade contemporânea. O Contrato Social (1762) e Emílio, ou Da Educação (1762), são entre suas obras, as de maior conteúdo pedagógico. Por meio delas postula um sistema político, educativo, moral e religioso extremamente controvertido.

Rousseau, filósofo da natureza, da liberdade e igualdade, com suas obras, ainda inquieta a humanidade.

Sua proposta tem interesse tanto pedagógico quanto político e, nesse sentido, propunha tanto uma "pedagogia da política" quanto uma "política da pedagogia". Um dos instrumentos essenciais de sua pedagogia é o da educação natural: voltar a unir natureza e humanidade. A família, vista como um reflexo do Estado é outro dos elementos centrais de sua pedagogia.

Considerado por vários estudiosos como autor da “concepção motriz de toda racionalidade pedagógica moderna”, Rousseau vê a infância como um momento onde se vê, se pensa e se sente o mundo de um modo próprio. Para ele a ação do educador, neste momento, deve ser uma ação natural, que leve em consideração as peculiaridades da infância, a “ingenuidade e a inconsciência” que marcam a falta da ‘razão adulta’ (NARADOWSKI, 1994, p.33-34)



A função social da educação:

a reforma da educação é que possibilitaria uma reforma do sistema político e social;

criar uma sociedade fundada na família, no povo, no soberano, na pátria e no Estado;

a educação não somente mudaria as pessoas particulares mas também a toda a sociedade, pois trata-se de educar o cidadão para que ele ajude a forjar uma nova sociedade.

A " educação natural" preconizada por ele, encontra-se retratada na obra O Emílio, na qual, de forma romanceada, expõe suas concepções, através dos relatos da educação de um jovem, acompanhado por um preceptor ideal e afastado da sociedade corruptora.
Essa educação naturalista, não significa retornar a uma vida selvagem, primitiva, isolada, mas sim, afastada dos costumes da aristocracia da época, da vida artificial que girava em torno das convenções sociais. A educação deveria levar  homem a agir por interesses naturais e não por imposição de regras exteriores e artificiais, pois só assim, o homem poderia ser o dono de si próprio.
Outro aspecto da educação natural está na não aceitação, por Rousseau, de uma educação intelectualista, que fatalmente levaria ao ensino formal e livresco. O homem não se constitui apenas de intelecto pois, disposições primitivas, nele presentes, como: as emoções, os sentidos, os instintos e os sentimentos, existem antes do pensamento elaborado; estas dimensões primitivas são para ele, mais dignas de confiança, do que os hábitos de pensamento que foram forjados pela sociedade e impostos ao indivíduo.

Conceito de aluno:

concebia um modelo único de homem: marido, cidadão e patriota;

a criança é um ser inocente e bom por natureza.

Rousseau trouxe novas idéias para combater aquelas que prevaleciam há muito tempo em sua época, principalmente a de que a educação da criança deveria ser voltada aos interesses do adulto e da vida adulta.
Introduziu a concepção de que a criança era um ser com características próprias em suas idéias e interesses, e desse modo não mais podia ser vista como um adulto em miniatura.

Com suas idéias, ele derrubou as concepções vigentes que pregavam ser a educação o processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, atitudes e hábitos armazenados pela civilização, sem transformações.

Considerava cada fase da vida como tendo características próprias. Tanto o homem como a sociedade se modificam, e a educação é elemento fundamental para a necessária adaptação a essas modificações. Se cada fase da vida tem suas características próprias, a educação inicial,  não poderia mais ser considerada uma preparação para a vida, da maneira que era concebida pelos educadores à época.

Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança no seu contato com a natureza. Ao contrário da rígida disciplina e excessivo uso da memória vigentes então, propôs serem trabalhadas com a criança: o brinquedo, o esporte, agricultura e uso de instrumentos de variados ofícios, linguagem, canto, aritmética e geometria.

Através dessas atividades a criança estaria medindo, contando, pesando; portanto, estariam sendo desenvolvidas atividades relacionadas à vida e aos seus interesses.

Conceito de valores:

a importância dada ao valor da liberdade pode ser observada em seu conceito de "contrato";

em seu contrato encontramos a presença de dois fatores: liberdade e autoridade em interação;

autoridade é algo necessário e, significa para Rousseau, ser amado e respeitado pelo aluno;

liberdade é a autonomia das pessoas, é bastarem-se a si próprias.

Rousseau, no contexto de sua época, formulou princípios educacionais que permanecem até nossos dias, principalmente enquanto afirmava:  que a verdadeira finalidade da educação era ensinar a criança a viver e a aprender a exercer a liberdade. Para ele, a criança não é educada para Deus, nem para a vida em sociedade, mas sim, para si mesma: " Viver é o que eu desejo ensinar-lhe. Quando sair das minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem".

Papel do docente:

ser mestre significa iniciar um processo de humanização;

o aluno aprende a fazer-se homem em contato com seu mestre e, portanto, o mestre é sempre um modelo a seguir.

Podemos afirmar que as idéias de Rousseau influenciam diferentes correntes pedagógicas, principalmente as tendências não diretivas, no século XX.

Quase dois séculos depois de Rousseau instaurar sua concepção, Freinet, também francês, num contexto marcado pelo pós-guerra, vai resgatar a esperança na criança em fazer frente à corrupção adulta. Para Freinet, pela educação será possível construir um novo amanhã, desde que as intervenções educativas se aportem nas “virtualidades humanas”,  que estão presentes na infância - criação, empreendimento, liberdade e cooperação - e que potencialmente possibilitarão a construção de uma nova sociedade (o capitalismo, para Rousseau, e o socialismo humanista, para Freinet) (NASCIMENTO, 1995, p.46)



Referências Bibliográficas



CERISARA, Ana Beatriz. Rousseau: a educação na infância. São Paulo: Scipione, 1990.

NARODWSKI, Mariano. Infância y poder: la conformación dela pedagogia moderna. Buenos Aires: Aique, 1994.

NASCIMENTO, Mª Evelyna do. A pedagogia Freinet: natureza, educação e sociedade. Campinas, Unicamp, 1995.

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